Congelamento dos escalões de IRS tira 60 milhões aos contribuintes

Depois de o Governo ter decidido não actualizar os escalões de IRS ao nível da inflação, o PCP, um dos seus parceiros parlamentares, avançou já com uma proposta para o fazer. A medida tem a oposição do PS, mas pode passar com os votos da direita.

A não actualização dos escalões de IRS em linha com a inflação esperada para 2019 (1,3%) custa cerca de 60 milhões aos contribuintes, apurou o Negócios.

14 de novembro de 2018 às 23:10 – (Jornal de Negócios -Notícia incompleta)

Famílias ainda vão pagar mais IRS do que antes da crise

Para a maioria das famílias, os alívios no IRS não chegam para anular em 2019 o efeito do "enorme aumento de impostos".

Os alívios no IRS foram o pacote de medidas que liderou em termos de custo na agenda de devolução de rendimentos deste Governo: ao todo vão sacrificar mais de 1.400 milhões de euros em receita fiscal, segundo os relatórios dos quatro orçamentos apresentados por Mário Centeno.

Mas será que os 2,5 milhões de agregados que pagam IRS regressaram nesta legislatura ao que pagavam antes da crise? A SÁBADO pediu à consultora Deloitte para fazer simulações para todos os escalões actuais de IRS para comparar o que se pagava em 2010 (antes do ciclo de mexidas que agravaram o imposto) e 2019 – e a resposta é negativa.

"A conclusão é que para todas as famílias que pagam IRS e, ou não têm filhos ou só têm um filho, o IRS em 2019 ainda estará acima do IRS de 2010", aponta a Deloitte.

"De facto, a eliminação da sobretaxa de IRS e a criação de dois novos escalões em 2018 ainda não permitiu voltar aos níveis de IRS do período pré-troika", junta.

Só as famílias com dois ou mais filhos vêem reposto o nível do IRS pago, por via do aumento da dedução à colecta por filho – nas famílias com dois filhos o regresso ao passado só se verifica nos quatro primeiros escalões de IRS, ou seja, para rendimentos brutos anuais por casal até 58 mil euros.

Na semana da apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2019, a SÁBADO olha para os grandes blocos que mereceram mais atenção por parte do Governo durante a legislatura – contribuintes de IRS, funcionarios públicos e pensionistas – e explica como é possível ter políticas mais simpáticas enquanto se elimina o défice (dica: o "segredo" chama-se crescimento económico).

Bruno Faria Lopes - SÁBADO