Funcionários públicos com mais de 65 anos mais que duplicaram desde 2011

Nos últimos sete anos, saíram da Função Pública 52 mil funcionários, 7,2% do total. Neste contexto de redução de quadros, os funcionários seniores são os únicos a registar uma trajetória inversa

Mais velhos e mais qualificados, assim são os funcionários públicos de hoje. Entre 2011, ano em que Portugal formaliza o pedido de assistência financeira à Comissão Europeia, e o primeiro semestre deste ano, Portugal perdeu 52 mil funcionários públicos (7,2%). Esta redução não só diminuiu o peso da Administração Pública enquanto empregador nacional como mudou por completo o perfil dos funcionários públicos.

As contas realizadas pelo Expresso com base nos dados disponibilizados pela Direção-geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) até 2017 (último ano em que é possível desagregar os dados por idade e nível de qualificação dos profissionais) demonstram que nestes sete anos, o peso dos trabalhadores com 65 ou mais anos aumentou, no sector Estado, em 146%. No final de 2017, integravam este escalão 12.571 funcionários públicos .

Na verdade, estes profissionais e os do escalão etário imediatamente anterior, dos 55 aos 64 anos – com um aumento de 49,6% no número de efetivos face a 2011 -, são os únicos a registar uma trajetória inversa à da redução de quadros na Função Pública.

Rejuvenescimento difícil

A análise ao universo dos trabalhadores por escalão etário espelha um Estado progressivamente mais envelhecido e a braços com um problema de rejuvenescimento que tem demonstrado não ser fácil de solucionar. É que foi exatamente nos escalões profissionais mais jovens, até aos 24 anos e dos 25 aos 34 anos, que a Administração Pública perdeu mais trabalhadores nos últimos anos sete anos.

Segundo os dados da DGAEP, Portugal tinha no final de 2017 menos 47% de profissionais com idades entre os 25 e os 34 anos e menos 35% na faixa etária até aos 24 anos. A menor quebra foi registada nos profissionais entre os 45 e os 54 anos, 7%. Este continua a ser o escalão etário que agrega maior número de funcionários públicos, 221,4 mil, de um total de 669,8 mil apurados em dezembro do ano passado.

O retrato dos funcionários públicos por grau de qualificação também traça uma evolução curiosa nos últimos sete anos. O empregador Estado perdeu profissionais em todos os níveis de qualificação, com exceção de três: o 12º ano ou equivalente, os mestrados e os doutoramentos. O primeiro registou um aumento residual se comparado com os mestrados e doutoramentos. No final de 2017, 136,3 mil funcionários públicos detinham o 12º ano de escolaridade, mais 3,8% face a 2011. Mestres e doutorados registaram crescimentos exponenciais, de 76,4% e 28%, respetivamente. O Estado tinha no final do último ano 42,6 mil mestres e 18,8 mil doutorados nos seus quadros.

Cátia Mateus - Expresso

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