Superior: Norte passa Lisboa nos alunos estrangeiros

Universidades e politécnicos da região nortenha com aumento de 40% nos estudantes internacionais que vêm para o nosso país obter um diploma
INSCRITOS.

No último ano letivo, as instituições de Ensino Superior, públicas e privadas, da região Norte já tinham mais alunos estrangeiros do que a Área Metropolitana de Lisboa (AML).
Ultrapassagem explicada no aumento de 40% que aquela região registou no número de alunos internacionais em mobilidade de grau, isto é, que concluíram o secundário num país estrangeiro e vieram para Portugal obter um diploma.
Isso mesmo revelam os mais recentes resultados do Inquérito do Registo de Alunos Inscritos e Diplomados no Ensino Superior (RAIDES) relativos a 2018/2019. Se em 2014/15 a AML respondia por 44% daqueles alunos e o Norte por apenas 29%, no ano letivo transato a região nortenha passou a liderar, com 35,7%, seguindo-se a AML, com 35,2%, numa diferen ça de apenas 183 alunos. No total, estavam inscritos mais de 35 mil alunos de grau, representando 9,3% do total de estudantes, num acréscimo de 27%.
Para a vice-reitora da Universidade do Porto (UPorto), o "Norte do país tem sido muito descoberto nos últimos dez anos; antes as pessoas vinham a Lisboa".
Falando em concreto da UPorto, só no presente ano letivo a instituição conta com mais 500 matrículas de internacionais de grau, num total de 3800. Se juntarmos os que chegam via Erasmus e outros protocolos, "20% do total dos alunos já são internacionais", explica ao JN Maria de Lurdes Correia Femandes.
REFORÇO DE UMA MARCA

O reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), por sua vez, destaca o facto de "a marca Norte começar a afirmar-se internacionalmente". O aumento de 40% é, para Fontainhas Fernandes, "um bom resultado que tem que ser valorizado". Para tal, defende o reitor, "a marca Norte pode ser potenciada", sendo para tal fundamental "sensibilidade de quem gere os fundos europeus".
De acordo com os dados do RAIDES 18/19, mais de 40% dos estudantes de grau são oriundos do Brasil, seguindo-se Cabo Verde (9,3%) e Angola (9,1%), com dois terços inscritos em licenciaturas e mestrados. Recorde-se que, conforme o JN noticiou, no final de julho as instituições tinham já validado mais de 7500 candidaturas, num crescimento de 36%. Sendo a expectativa chegar ao final deste mês com 15 mil.
Refira-se, por último, que no último ano letivo face ao anterior o número de alunos inscritos aumentou 3%, ultrapassando os 385 mil estudantes. "Vem demonstrar a confiança das famílias no Superior", conclui o reitor da UTAD.
ÁREAS
Numa década Educação perde 20% de alunos

Na última década, os cursos ligados à área da Educação viram o número de alunos inscritos cair 20%. Se recuarmos 20 anos a quebra ultrapassa mesmo os 6o%. Já no ano letivo 2018/19, foi a única área a apresentar um decréscimo (3%) face ao ano letivo anterior.
Nada que surpreenda a presidente da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto. Além das evidentes questões demográficas, Prudência Coimbra destaca ao JN "a perda de prestígio dos professores, com constrangimentos nas colocações, horários pequenos, a saltar de um lado para o outro".
Recorda o seu próprio caso. "Licenciei-me há 30, 40 anos, ainda estava a acabar a licenciatura e já tinha horário completo numa Secundária. Isso agora é impensável", afirma. Às razões sociológicas, soma-lhe as políticas.
"Há razões políticas nas escolhas que se fazem, com mais alunos por turma". Para o reitor da UTAD, António Fontainhas Fernandes, urge um "reconhecimento público da profissão de professor".

Jornal de Notícias | 3.10.2019 - Joana Amorim