Nunca houve tantos inscritos em mestrados

Mais de 125 mil estudantes frequentaram estas formações no ano passado. Ritmo do crescimento da procura é superior ao das licenciaturas.

O número de estudantes inscritos em mestrados atingiu, no ano passado, um máximo histórico. Mais de 125 mil pessoas frequentaram o segundo nível do ensino superior. A procura destas formações cresceu quase 11% nos últimos quatro anos, bem acima do ritmo de aumento do número de alunos nas licenciaturas.

Esta tendência é revelada pelos dados mais recentes do Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior (Raides), que foram divulgados pela Direcção-Geral de Estatísticas do Ensino Superior e da Ciência (DGEEC) no início desta semana. No último ano lectivo, 125.633 alunos estiveram inscritos em mestrados no ensino superior.

O ano lectivo em que, até agora, mais alunos tinham frequentado formações deste nível era o de 2011/12. Foram então 120.728 os alunos que tiveram aulas de mestrado. A procura sofreu uma quebra nos três anos seguintes – em linha com o que aconteceu na generalidade do ensino superior e coincidindo com o período mais agudo da crise financeira –, tendo voltado a recuperar a partir de 2015/16.

Nos últimos quatro anos, o número de inscritos em mestrados cresceu quase 11%, revela o Raides. O crescimento da procura fotransversal a todo o ensino superior durante os últimos anos, mas o ritmo de crescimento dos mestrados é superior ao geral. Também o número de inscritos em doutoramento cresceu acima da média (9% no mesmo período). No ano passado, estavam inscritos no 3.º ciclo do ensino superior 21.089 alunos. Já o total de matriculados em licenciaturas cresceu bem abaixo destes valores, aumentado 3,5% desde 2015/16.

Na sequência do acordo de Bolonha, as universidades criaram dois tipos de mestrado diferentes. Os mestrados integrados, que são obrigatórios para acesso à maioria das profissões reguladas por ordens profissionais (médicos, arquitectos, engenheiros); e os mestrados de 2.º ciclo, que funcionam de forma independente das licenciaturas e se destinam a aprofundar conhecimentos em determinada área. O crescimento no número de inscritos é transversal às duas modalidades. Havia 62.657 estudantes em mestrados integrados no último ano e 62.976 em mestrados de 2.º ciclo no ano lectivo passado.

Ao todo, e de acordo com a DGEEC, em 2018/19 inscreveram-se no ensino superior 385.247 alunos, mais 12.494 do que no ano lectivo anterior. A maioria destes (82,1%) frequenta instituições públicas. Havia 219.615 matriculados em licenciaturas e 15.423 em cursos técnicos superiores profissionais, que também têm tido um crescimento assinalável desde a sua criação.

À semelhança do que tem acontecido nos últimos anos, as áreas mais procuradas são as das “Ciências empresariais, administração e direito”, que acolhem 22,1% dos estudantes, e da “Engenharia, indústrias transformadoras e construção”, onde estão 21,1% dos inscritos. A área da “Educação” foi a única que apresentou um decréscimo (de 3%) no número de matriculados em relação ao ano lectivo anterior.

Samuel Silva - 3 de Outubro de 2019, Púbico