“A realização profissional e o ambiente de trabalho dependem muito do nosso contributo”

17-02-2022 | Paula Mesquita | Fotos: Nuno Gonçalves e arquivo

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Recebe hoje, nas comemorações do 48º aniversário da UMinho, uma lembrança de reconhecimento por três décadas de função pública

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Rosa Maria (segunda a contar da direita) entre colegas de trabalho, em 1993

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Trabalha no chamado "Pacinho", um edifício contíguo ao Largo do Paço, no centro de Braga

Rosa Maria Ferraz

Nasceu em 1966 em Real, Braga, onde vive. Após uma passagem por Toul, França, voltou a Portugal para iniciar o percurso escolar. Veio para a UMinho aos 25 anos, graças a um anúncio no Diário do Minho. A assistente técnica do Gabinete de Avaliação e Auditoria Interna é hoje um dos trabalhadores distinguidos no Dia da UMinho por 30 anos de função pública.
Como chegou à Universidade do Minho?

Vi um anúncio no jornal Diário do Minho, para um contrato de trabalho a termo certo para a antiga categoria de 3º oficial, da carreira de oficial administrativo. Decidi concorrer e, felizmente, acabei por ser eu a colocada, devido à desistência do primeiro candidato. [sorriso]. Iniciei funções em 2 de maio de 1991. Apesar de a vaga para a qual me tinha candidatado ser na Secção de Aprovisionamento e Património, acabei por ser direcionada para o serviço de apoio ao Gabinete do Diretor dos Serviços Administrativos, que era então o dr. José Carlos Henriques, e ao Gabinete de Apoio ao Administrador, então o eng. Aguilar Monteiro. O serviço era chefiado pelo dr. Manuel Carvalho. Fui substituir as funções da colega Lourdes Mesquita, que em breve se ausentaria.
O que começou por fazer?
Secretariado e apoio administrativo, como atendimento presencial e telefónico, receção e encaminhamento de pessoas, registo de correspondência, organização e atualização do arquivo, datilografia e aquisição de material de escritório.
O que sentiu nos primeiros dias?
Muita insegurança, devido à minha timidez e, confesso, não me sentia preparada para o trabalho. Felizmente, encontrei pessoas extraordinárias, com grandes qualidades humanas e profissionais, nomeadamente o dr. Manuel Carvalho, com quem aprendi a ser organizada, a ter um método de trabalho funcional. Considero-o uma pessoa exigente e rigorosa, mas, ao mesmo tempo, compreensivo e sensível. E a Lourdes Mesquita, que partilhou comigo o que sabia: a receber e a encaminhar as pessoas, a dar os primeiros passos na informática, enquanto utilizadora, entre outras tarefas. Ajudou-me imenso a ultrapassar a timidez e a confiar em mim e nas minhas capacidades.
Como foi o seu percurso desde então?
Estive nove anos ao serviço dos dois gabinetes, que funcionavam no Largo do Paço, e desempenhei todas as funções relacionadas com o secretariado. Mais tarde, em 1999, com o natural crescimento da universidade, houve a necessidade de dividir o serviço de apoio aos dois gabinetes e foi, também, criado o Gabinete de Organização e Auditoria (GOA), de que o dr. Manuel Carvalho viria a assumir a responsabilidade. Foi-me proposto trabalhar no GOA e prestar todo o apoio administrativo ao dr. Manuel Carvalho. Além das funções relacionadas com o arquivo, atendimento telefónico e presencial - nesta época, o atendimento pessoal era bem mais frequente do que nos dias de hoje [sorriso] -, passei a desempenhar também as funções de datilografia.
Dez anos mais tarde, o GOA deu lugar ao Gabinete de Auditoria e Controlo (GAC).
Exatamente. Com esta restruturação, o serviço passou para o edifício que fica situado na rua da Senhora do Leite e a que nós chamamos de “Pacinho” [pela proximidade ao Largo do Paço]. Em 2020, com a aprovação do novo Regulamento Orgânico das Unidades de Serviços da UMinho, a designação passou para Gabinete de Avaliação e Auditoria Interna (GAAI). Mantive-me no exercício das funções e, em 2021, a responsabilidade do Gabinete passou a ser assumida pela dra. Filipa Palmeira.
“Fiz amigos que guardo para a vida”
Que pessoas a marcaram mais durante o seu percurso?
Tive a oportunidade de conviver e trabalhar com excelentes profissionais, que me definiram pessoal e profissionalmente, sobretudo o dr. Manuel Carvalho, a Lourdes Mesquita e o dr. José Carlos Henriques. Particularizando o dr. José Carlos, que infelizmente já não se encontra entre nós, foi um líder exemplar, presente e participativo, bom comunicador e ótimo ouvinte. Contribuía em muito para manter um ambiente de trabalho agradável, promovendo momentos de descontração e brincadeira. Adorava pregar partidas no 1º de abril! [sorriso]
Foi enganada em alguma dessas partidas?
Recordo-me que pediu à minha colega Lourdes para preparar uma comunicação, na qual referia a minha transferência para Guimarães. A Lourdes, propositadamente, contou-me o que estava a preparar. Fiquei aflita e extremamente nervosa, mas a Lourdes desvalorizou a minha aflição. Eu só queria chorar, sempre que me imaginava a trabalhar noutro serviço. Até que o dr. José Carlos me contou que eu tinha “caído” na partida e restou-me sorrir de alívio! [risos] Era mesmo danado para a brincadeira.
Sente-se realizada profissionalmente?
Continuo a dar apoio administrativo ao GAAI. Gosto do que faço e tento sempre executar as tarefas que me são atribuídas com zelo, dedicação, responsabilidade e empenho. Para mim, a realização profissional e o ambiente de trabalho dependem muito do nosso contributo.
Que importância tem para si trabalhar na UMinho?
A UMinho foi uma ótima oportunidade de trabalho que surgiu na minha vida. Proporcionou-me uma base sólida para a estabilidade profissional. Tenho oferecido, com todo o gosto, a minha dedicação e recebi sempre o conhecimento e o saber que precisei para o meu crescimento pessoal e profissional. Fiz amigos que guardo para a vida, fruto de um ambiente de trabalho com boa disposição, muito saudável e de muita partilha, que experienciei desde sempre. É um orgulho enorme fazer parte desta instituição e devo-lhe muito daquilo que hoje sou.
Como vê a evolução da UMinho?
Entendo que cresceu a um grande ritmo, mas de forma consolidada. Tem uma excelente oferta educativa e considero-a uma instituição muito ativa, estruturada, dinâmica e empreendedora, que se projeta na região, no país e no mundo. Marcou-me particularmente pela positiva a evolução das tecnologias, com as suas mudanças constantes e rápidas, a diversidade das ferramentas de trabalho e, mais recentemente, a desmaterialização dos processos. 

Sente nostalgia?
De algumas coisas, sim. [sorriso] Gostava que se retomasse os Encontros das Universidades, que decorreram durante alguns anos. Felizmente, tive a oportunidade de participar em dois: em 1992, na Universidade da Beira Interior, e em 1993, na Universidade de Coimbra. Foram momentos ótimos para promover o conhecimento e a aproximação com colegas de outras universidades de todo o país.

Gomas, chocolates e uma chávena de chá
Na gaveta da minha secretária guardo gomas e chocolates!
Mal entro no carro, ligo o rádio para ouvir a Rádio Comercial, mas em casa prefiro cuidar dos meus.
Considero-me uma pessoa que não sabe dizer não, mas penso que os outros me acham simpática e gentil! [sorriso]
Num jantar, em família, não dispenso boa comida e boas gargalhadas.
Detesto hipocrisia.
Ao fim de semana, gosto de passear e caminhar.
Nada me fará esquecer o momento em que nasceu o meu filho.
Gostava muito que amanhã fosse um bom dia para todos.
A pessoa que mais me marcou foi o meu padrinhoFoi uma pessoa “luz”, que iluminou todos à sua volta, com a sua generosidade.
Sonho diariamente com um mundo melhor, mais solidário, onde as pessoas se preocupem mais em ajudar os outros e fazer o bem.
O meu dia não acaba sem uma chávena de chá!
A UMinho  é uma grande instituição, a minha segunda casa.