Trabalho doméstico dos homens aumentou 8 minutos em 20 anos

Relatório da Organização Internacional do Trabalho conclui que desigualdades no trabalho entre mulheres e homens mudaram pouco em duas décadas. Mulheres ganham menos 2464 euros por ano que os homens

Trabalho doméstico dos homens aumentou 8 minutos em 20 anos As diferenças salariais persistem, mas não é só no emprego que as desigualdades entre mulheres e homens se fazem sentir.

Também em casa, no trabalho doméstico e na prestação de cuidados, mantém-se a disparidade na divisão de tarefas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), “nos últimos 20 anos, o tempo que as mulheres despenderam com a prestação de cuidados não remunerados e com o trabalho doméstico quase que não diminuiu, enquanto que, no caso dos homens aumentou apenas oito minutos por dia”, sublinha Manuela Tomei, diretora do Departamento de Condições de Trabalho e Igualdade da OIT, citada na nota enviada pela organização. A este ritmo, conclui a OIT, “serão necessários mais de 200 anos para alcançar a igualdade no tempo gasto no trabalho não remunerado”. Serão 209 anos, mais precisamente. As mulheres gastam, em média, quatro horas e 25 minutos por dia em trabalho não remunerado. Os homens passam uma hora e 23 minutos a fazer tarefas domésticas ou a prestar cuidados em casa.

O estudo da organização foi publicado esta quinta-feira a propósito do Dia Internacional da Mulher. Já no que toca ao trabalho pago, o mesmo relatório revela que “não são as habilitações escolares a determinar as mais baixas taxas de participação no emprego nem os salários mais baixos”. É a maternidade que “continua a constituir uma penalização para as mulheres”.

A diferença salarial média entre homens e mulheres ronda os 18,8% em todo o mundo. “As mulheres que ocupam os mesmos cargos que os homens recebem sistematicamente menos que os homens, mesmo que o seu nível de educação iguale ou ultrapasse o dos seus homólogos”, lê-se no estudo. A OIT concluiu também, numa análise feita em parceria com o LinkedIn, que as mulheres têm menos competências digitais, “que são atualmente um requisito para os empregos mais bem pagos nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática”. O estudo conclui, porém, que “uma grande parte do gap salarial permanece sem explicação, particularmente em países desenvolvidos.

O trabalho feito pelas mulheres é frequentemente desvalorizado porque é um reflexo do trabalho que tradicionalmente é feito pelas mulheres em casa sem remuneração”.

Ana Sanlez 07.03.2019 Dinheiro Vivo