Reforço de vagas permite aos alunos alterar candidaturas ao ensino superior

Aumento acontece após o final da 1.ª fase do concurso nacional de acesso para dar resposta a um número recorde de candidatos. “É uma oportunidade única”, frisa o ministro Manuel Heitor.

Os cursos de Gestão e Economia da Universidade Nova de Lisboa, mas também o de Gestão e o de Contabilidade e Administração do Instituto Politécnico de Lisboa, são os que poderão abrir mais vagas suplementares ainda para efeitos da 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, que formalmente terminou a 23 de Agosto.

No conjunto haverá mais 4737 vagas para serem preenchidas neste concurso e por essa razão os estudantes que se candidataram podem “mudar as opções” que inicialmente assinalaram, garantiu ao PÚBLICO o ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor. Estas alterações poderão ser feitas entre 9 e 11 de Setembro na plataforma de candidaturas online que se encontra disponível no site da Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES).

“Vai criar muitos problemas ao sistema, mas é um direito constitucional” que estes estudantes têm, frisou Heitor. Não porque as regras do concurso de acesso tenham mudado, mas pelo facto de o número de vagas ter aumentado já após o final das candidaturas e este ser um critério de base na escolha dos cursos. Os candidatos ao ensino superior podem escolher seis opções.

A revisão do número de vagas foi feita depois de se ter atingido um número recorde de candidaturas na 1.ª fase do concurso de acesso: 62.675 candidatos, o número mais elevado desde 1996, para as 51.408 vagas que inicialmente foram disponibilizadas.

Face a esta enorme discrepância entre a procura e a oferta, o Governo decidiu a 28 de Agosto reforçar o número de vagas, recorrendo para tal a todos os lugares que ficaram disponíveis nos concursos especiais de acesso, nomeadamente o que costuma ser destinado a estudantes internacionais. “É uma oportunidade única para ter mais alunos portugueses com excelentes notas no nosso sistema de ensino”, frisou Manuel Heitor. Que lembra a propósito que, do mesmo modo que devido à covid-19 haverá este ano menos alunos internacionais, também diminuiu o número de estudantes portugueses que procuram formações no estrangeiro.

“Trata-se de um aumento especializado, que visa sobretudo os cursos com maior procura e aqueles que recebem os melhores alunos”, especifica Heitor. Neste último caso são 17 os cursos que aceitaram o número acrescido de vagas que lhes foi atribuído desde o ano passado. Os cursos de Medicina recusaram.

O número de vagas suplementares por instituição e curso foram divulgados nesta sexta-feira. E o reforço abrange muito mais cursos para além dos 17 mais disputados.

O número de vagas suplementares por instituição e curso foram divulgados ontem. E o reforço abrange muito mais cursos para além dos 17 mais disputados. Os novos valores revistos para todos os cursos serão disponibilizados até 8 de Setembro no site da DGES. O montante de lugares fixados cresce assim para 56.866, o que segundo o Ministério do Ensino Superior “representa um aumento de 10% face ao ano passado”.

Cursos com mais procura

“O reforço de vagas ocorre sobretudo nos cursos com mais procura, incluindo mais 399 vagas nos 17 ciclos de estudo com maior concentração de melhores alunos face a 2019 (exceptuando Medicina), que assim têm um crescimento de vagas de cerca de 26% face ao ano anterior”, precisa-se na nota enviada nesta sexta-feira à comunicação social. No conjunto, a oferta sofre um aumento, face a 2019, de 12% nos politécnicos e de 9% nas universidades.

Os cursos da área das engenharias estão entre os principais beneficiados, mas também existem situações menos óbvias como Ciências do Desporto da Universidade de Lisboa ou Ciências da Educação da Universidade do Porto.

Entre os 17 cursos de topo, Gestão da Universidade Nova de Lisboa é o que tem um maior reforço de vagas (mais 44), seguindo-se-lhe Engenharia Informática e Computação da Universidade do Porto (mais 13) e Engenharia Mecânica também da Universidade do Porto (mais 11 vagas).

O ministério destaca que “o reforço das vagas promove o alargamento da base social de recrutamento do ensino superior e é um sinal muito significativo para a qualificação progressiva da população residente em Portugal”. E também revela o seguinte: “Em 2020, e apesar de pela primeira vez metade dos jovens de 20 anos estarem inscritos no ensino superior (enquanto eram 40% em 2015 e menos de 30% em 2000), as metas para as quais Portugal se deve orientar no contexto europeu exigem atingir uma taxa média de frequência no ensino superior de 6 em cada 10 jovens com 20 anos até 2030, assim como alargar as qualificações de toda a população, atingindo 40% de graduados de educação terciária na faixa etária dos 30-34 anos até 2023 e 50% em 2030.”

Os resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior vão ser divulgados a 28 de Setembro.

Clara Viana - 5 de Setembro de 2020, Público