Universidade. Minho acusa Governo de asfixiar curso de Medicina

O presidente, Nuno Sousa, quer mais investimento e autonomia para gerir instituição com 19 anos
"Por favor, deixem-nos trabalhar!". O pedido, em tom de protesto, é do presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho (UMinho), Nuno Sousa, que ontem aproveitou as comemorações do 19.° aniversário da estrutura para exigir mais "financiamento", "autonomia e flexibilidade" para desenvolver a atividade científica.
"Estou farto de dificuldades", lamentou o responsável, à margem da cerimónia, que juntou o reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, e o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.

Nuno Sousa deu um grito de protesto pelas dificuldades ao nível de financiamento à atividade das escolas médicas, mas, também, por se "criarem mecanismos que tornam muito difícil o dia a dia de quem quer fazer diferente". E exemplificou: "A Escola de Medicina quis contratar três investigadores, com o próprio orçamento, e demorou três anos. Há múltiplas teias que convidam à inação".
Nuno Sousa apontou, também, críticas ao facto da área da Medicina ser a única que não pode receber alunos estrangeiros, à falta de resposta quanto à transformação do Hospital de Braga em hospital universitário e ainda ao "desperdício" de alunos formados.
"No próximo mês, 40% dos candidatos [a nível nacional] não terão acesso a uma especialidade médica? Isto é um crime de lesa-majestade", atirou o líder da Escola de Medicina com a terceira nota de entrada mais alta do país. Sobre isto, o bastonário adiantou que a Ordem dos Médicos já reuniu com o Ministério da Saúde para "apresentar propostas para tentar resolver a situação".
Quanto ao financiamento, o reitor juntou-se às críticas, lembrando os cerca de 11 milhões de euros que a UMinho ainda não recebeu de reembolsos por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia e outras entidades.
FORMAÇÃO
Currículo do curso de Medicina renovado
A partir do próximo ano, os alunos de Medicina da UMinho vão ter pela frente um currículo renovado e com cadeiras opcionais, para responder a diferentes ambições. "Apesar de sentirmos que estamos a formar médicos de grande qualidade, que têm ótimos resultados nas provas nacionais, o futuro da prática dos cuidados de saúde está a alterar-se. Existem novas competências, que emergem do uso mais intenso de novas tecnologias e da forma de comunicação que as pessoas usam, que temos de trazer para a casa da Medicina", explicou o presidente da Escola de Medicina, Nuno Sousa, sublinhando que estão "a antecipar o futuro".

Jornal de Notícias | 9.10.2019 - Sandra Freitas