Subida da Católica gera polémica

Presidente da Agência de Avaliação questionou a “Times Higher Education”. Reitora lamenta “falta de insenção” de Alberto Amaral

A subida de pelo menos 201 posições no ranking da “Times Higher Education” (“THE”), que colocou na edição deste ano a Universidade Católica Portuguesa (UCP) como a mais bem classificada entre as instituições nacionais, com uma classificação quase máxima no critério do impacto científico da sua investigação, levou o presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), Alberto Amaral, a questionar a validade do exercício desta revista. E fê-lo diretamente ao editor da “THE”, numa exposição a que o Expresso teve acesso. “A imprensa nacional noticiou o vosso último ranking, que coloca a UCP como a melhor instituição de investigação. Sou investigador no Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior e os vossos resultados deixaram-me completamente intrigado”, aponta Alberto Amaral, lembrando que, na avaliação feita em Portugal aos centros de investigação da UCP, “quatro foram classificados como fracos, três tiveram bom, dois muito bom e apenas três excelente”.

O presidente da Agência de Avaliação abordou também o tema num artigo de opinião publicado esta semana no “Público” com o título “Rankings, esse território de basbaques e pavões”, o que levou a uma reação imediata da reitora da UCP no Twitter. Isabel Capeloa Gil considerou “escandalosa a forma como o presidente da A3ES ataca, sem filtros, a instituição portuguesa com melhor classificação no ranking”. “Evidência faltasse para a falta de isenção, aí está a prova!”, atirou a reitora. Em resposta ao Expresso, a universidade, que passou do intervalo 601-800 para uma posição entre 351 e 400, acrescenta que os “critérios do ranking são públicos, gerados a partir da Elsevier (base reconhecida internacionalmente), e serviram sempre todas as universidades portuguesas que a eles se submeteram.”

O ex-reitor do Porto questiona, no entanto, a validade do indicador em que a Católica saltou de 64,3 pontos para 94,6, quase igual ao King’s College, em Londres, e acima da Universidade de Toronto. “Um indicador que coloca instituições desconhecidas (Aswan, no Egito, ou Peradenya, no Sri Lanka, obtiveram 100 pontos) à frente de Oxford, Cambridge, Harvard, MIT ou que em 2019 colocava à frente das portuguesas o Politécnico do Porto, que não é uma instituição de investigação, levanta as maio­res dúvidas”, argumenta Amaral, um crítico dos rankings.

A explicação para esta pontuação tem muito a ver com a construção do indicador, explica um responsável que acompanha a questão. Uma universidade com menos publicações mas que tenha algumas muito citadas vê o indicador subir. Nas que têm maior produção, esse efeito é diluído, porque não é ponderado o volume.

Isabel Leiria Expresso 27.09.2019