O regime misto de trabalho, presencial e remoto, é apontado como uma tendência de futuro. Mas comporta riscos, admitem os especialistas
Vêm aí os trabalhadores híbridos
(..) E se é verdade que as condições de trabalho têm um impacto direto na produtividade, traduzi-lo em números não é fácil. Dizer em quanto é que o teletrabalho dos últimos meses aumentou ou diminuiu a produtividade dos portugueses e das empresas é conta que o economista João Cerejeira, professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, não arrisca fazer. Os dados disponíveis são ainda poucos, mas Cerejeira reconhece que “as perdas de produtividade são normais em qualquer processo de reorganização, como aquele que fomos forçados a fazer, e, em regra, são transitórias”. Para o economista, “o desafio é evitar que se tornem permanentes”.
Para isso é preciso olhar para as práticas atuais. É natural que alguns profissionais tenham visto a sua produtividade cair e admite que situações em que são chamados a adaptar-se com regularidade a rotinas distintas podem colocar desafios acrescidos. No entanto, defende que o teletrabalho ou o modelo misto trazem benefícios, desde que acautelados alguns princípios. “O que mostram os estudos, nomeadamente no Japão, é que em situações em que as deslocações para o trabalho são morosas a produtividade aumenta com o teletrabalho e que este permite também minimizar as tarefas supérfluas realizadas na empresa.” Por outro lado, “quando o teletrabalho se prolonga por muitas horas ou em horários desregulados, a produtividade diminui drasticamente”. É por isso que defende que é necessário refletir sobre os modelos de teletrabalho e o seu enquadramento, de modo a dar aos trabalhadores as condições necessárias para retirarem todos os benefícios do regime e diminuir os seus riscos. E não é o único…
Jornal Expresso