Conversa Capital com António Cruz Serra, Reitor da Universidade de Lisboa

"Não há margem" diz o reitor da Universidade de Lisboa, o valor da redução das propinas aprovado pela Assembleia da República terá de ser entregue às universidades na sua totalidade. Os reitores estimam que o valor global ronde os 50 milhões de euros. "Não há margem" diz o reitor da Universidade de Lisboa, o valor da redução das propinas aprovado pela Assembleia da República terá de ser entregue às universidades na sua totalidade. Os reitores estimam que o valor global ronde os 50 milhões de euros.

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, António Cruz Serra revelou que até ao momento a universidade de Lisboa só recebeu 1 milhão de euros, de um total de cerca de 3 milhões, como compensação pela redução das propinas em 2019. O reitor António Cruz Serra diz que nada tem a opor à redução das propinas, ou até mesmo à sua eliminação, se o governo compensar as universidades devidamente.

Mais residências universitárias

Com o novo ano letivo à porta, António Cruz Serra considera que mais importante do que eliminar a propina é construir residências universitárias. Segundo o reitor, não é o valor das propinas que afasta os estudantes da universidades porque para esses casos há bolsas. O que afasta os estudantes é a falta de alojamento e os preços incomportáveis praticados nos grandes centros.

Mais 3% para as universidades no próximo OE

O reitor da Universidade de Lisboa defende um aumento de 3 por cento ao ano, da dotação do Orçamento do Estado, para as universidades durante a próxima legislatura. António Cruz Serra considera que se trata de uma proposta "razoável" e de um aumento "modesto" e lembra que só desta forma o financiamento por aluno do ensino superior pode atingir os valores praticados atualmente para os alunos do secundário. Adianta que se não houver um aumento do financiamento do ensino superior, as universidades portuguesas vão baixar nos rankings internacionais, porque não conseguem competir com as práticas de financiamento público de outros países.

Não há dinheiro para contratar bolseiros. Estado tem de pagar

Nesta entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Cruz Serra revelou que todos os trabalhadores, administrativos e técnicos, com vínculos precários na Universidade de Lisboa vão ser admitidos sem necessidade de reforço orçamental.

Já no que se refere aos investigadores, sem reforço da dotação orçamental, a universidade não tem capacidade para fazer contratos. O reitor revelou que regularização a situação destes investigadores implicaria um aumento da massa salarial em cerca de 10 por cento, ou seja, 26 milhões de euros. Relativamente ao novo estatuto do bolseiro, manifesta preocupação pela falta de uma disposição transitória que acautele a mudança. Cruz Serra diz mesmo que há o risco de bolseiros, mestres e licenciados, ficarem sem vínculo, quando a bolsa tiver de ser renovada, porque não há nenhum instrumento que permita recrutar.

Escola de Xangai a funcionar no próximo ano letivo

Nesta entrevista, Cruz Serra revelou ainda que o acordo com os chineses para a criação de uma escola da Universidade de Lisboa em Xangai está prestes a ser concluído. Cruz Serra acredita que no próximo ano letivo, a escola com 3 cursos de engenharia ao nível da licenciatura e mestrado, vai estar a funcionar. 

Pode ver aqui na íntegra esta entrevista de António Cruz Serra, Reitor da Universidade de Lisboa, a Rosário Lira (Antena1) e Susana Paula (Jornal de Negócios):

Vídeo https://www.rtp.pt/noticias/conversa-capital/conversa-capital-com-antonio-cruz-serra-reitor-da-universidade-de-lisboa_a1171108

Conversa Capital com António Cruz Serra, Reitor da Universidade de Lisboa

Antena 1 - 08 Set, 2019, atualizado em 08 Set, 2019,| Conversa Capital